Genética

A Fibrose Quística é uma doença hereditária, autossómica recessiva, localizada no cromossoma 7. Num casal de portadores o risco de um filho nascer com esta patologia é de 25%; de ser portador 50% e de ser normal 25%.

Os indivíduos que apresentam um cromossoma normal e o outro com mutação são considerados portadores. A doença manifesta-se apenas quando os dois genes são anormais, uma vez que o traço é recessivo, sendo assim, as pessoas que apresentam FQ detêm de dois cromossomas com mutação. Os portadores não manifestam FQ, no entanto podem apresentar alguns problemas. Este gene controla a produção de uma proteína que regula a passagem de cloro e de sódio através das membranas. Quando ambos são anormais, esta passagem interrompe-se, provocando desidratação e aumento da viscosidade das secreções.

Gene CFTR


Este gene codifica uma proteína com 1480 aminoácidos, reguladora de condutância transmembranar. Actualmente, estão descritas 1521 mutações ao longo de todo o gene CFTR. A mutação ∆F508 é a mais frequente, tendo sido a primeira identificada. Caracteriza-se pela delecção da sequência CTT, causando a perda da fenilalanina na posição 508. Cerca de 70% dos casos de FQ correspondem a esta mutação, apesar da sua frequência ser muito variável de acordo com o local.

Proteína CFTR


A Cystic Fibrosis Transmembrane Regulation (CFTR) é responsável pela regulação de um canal de cloretos, regulados pelo AMPc. Têm sido descritas outras funções celulares da CFTR, com a regulação de outros canais iónicos, funções de exocitose e de formação de complexos moleculares na membrana plasmática. As diversas mutações têm efeitos sobre a síntese da proteína, sendo classificadas em seis grupos:

Classe I: Existe uma ausência total da CFTR, devido a uma terminação precoce do RNA.
Classe II: A CFTR é sintetizada mas não sofre o processo de maturação e migração adequada até à membrana, sofrendo degradação prematura. A mutação ∆F508 é a mais relevante.
Classe III: ocorre uma redução da resposta ao ATP, com diminuição da sua ligação à CFTR e hidrolise. A sequência é a alteração da regulação do canal iónico e diminuição da sua actividade.
Classe IV: identificam-se moléculas de CFTR na superfície celular, mas o fluxo dos electrólitos através dos canais iónicos é menor.
Classe V: existe uma menor síntese de CFTR, mas a sua função é normal.
Classe VI: produção de CFTR normal, mas com remoção rápida da superfície celular.    Molécula com menor estabilidade.

As mutações de classe I e classe II caracterizam-se pela inexistência de moléculas de CFTR, enquanto nas restantes está presente a actividade residual da molécula.